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Livro: Quem é Maria para nós?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Atributos de Deus – o problema da linguagem teológica




Antes de prosseguirmos nesta descoberta de Deus, que pode ser feita pela razão humana, sem a Revelação, temos que pensar no problema do “modo” de falar de Deus, no modo de aplicar a Deus os conceitos que podemos descobrir sobre Ele, justamente a partir da realidade que nos circunda, conforme vimos no texto anterior.


O que vimos no texto anterior? Vimos que os entes são bons, verdadeiros, unos, belos e reais. E vimos já que são entes contingentes, isto é, causados, feitos existência pelo Ser que não pode não ser. Já vimos que o Ser Necessário tem, necessáriamente que ser, existir, porque a Causa Primeira, do existir, não pode ter sequer a possibilidade de não existir. E não a pode ter porque “o existir existe”, embora pudesse não existir, por ser contingente. Porque a realidade existe, mas é contingênte, por isso a realidade dos entes é comunicada, participada. Tudo, nos entes, é pura dádiva do Ser Necessário.
ambém as suas qualidades transcendentais são dádiva, pois são entes contingêntes, caducos, que podem não ser, deixar de ser, ou nunca ter sido. A sua bondade, verdade, beleza, unidade e realidade lhe são comunicadas. O que significa que o Ser Necessário, Deus, as possui de modo infinito, perfeitíssimo.


Falar de Deus?
 
Como falar de Deus? Será mesmo possivel, adequado, justo, legitimo, dizer-se aguma coisa sobre Ele? O teólogo Karl Barth, grande expoente da Teologia Sistemática Luterana, recusa o principio da analogia entis (analogia de ser). A analogia do ser é, com efeito, a estrutura ontológica da teologia natural, ou filosófica, cultivada e defendida pela Teologia Católica, e detestada por ele, como modo de se falar de Deus.


Barth diz que a tentativa filosófica, “natural”, de o homem, atravéz da razão, chegar a Deus através das realidades criadas, conforme temos vindo a fazer nesta série de artigos simples, é diabólica, impossivel, má, e se constitui como um atrevimento inaudito de tentar superar a infinita distância que demarca o ser humano de Deus. Mas, como é evidente, Barth admite o uso de linguagem parabólica e certa analogia da Fé para se falar de Deus, não pela capacidade natural dos conceitos, mas pela Revelação, qued concede ao homem essa faculdade. Bart entende, assim, que a analogia usada pelo homem para falar de Deus é posta por Ele e não pré-encontrada pelo homem e tirada do próprio valor da criatura. Mas, neste caso, Barth cinge-se ao conteúdo da Revelação, dita sobrenatural, ou bíblica, dispensando e recusando, de principio, qualquer esforço da razão humana de conhecer Deus. Para Barth, o que temos vindo a fazer, nestes textos, é uma blasfémia.


Eu quis expor, brevemente, a posição de Karl Barth, pois ela serve de paradigma para a posição não só do luteranismo, mas sobretudo, e de modo mais intenso, das seitas oriundas do protestantismo. De facto, para as seitas de origem protestante, pouco interessa o esforço de pesquisa da razão, da filosofia e dos outros saberes humanos, se alguma coisa na Revelação parece dizer o inverso, ou simplesmente nem dizer nada. Neste caso, o que importa é o conteúdo da letra do texto bíblico, cuja interpretação não é, para eles, problema de maior. Mas, infelizmente, este problema da recusa da razão em estudar Deus é também doença de muitos católicos, os ditos “tradicionalistas”, os santinhos do pau-oco.

Para estes movimentos católicos SECTÁRIOS, a Tradição se constitui como uma realidade hermeticamente fechada, quando, na verdade, é uma realidade dinâmica, uma inteligência progressiva da Revelação mesma, Revelação essa que acontece em meio à Tradição, nela e por ela. Se o protestantismo pratica literacia biblica, estes praticam a literacia dos textos do Magistério. Exemplo disso é o site “Montfort”, cuja leitura desaconselho, dado o cisma inerente à recusa do Concílio Vaticano II.

Voltemos a Karl Barth. Este teólogo merece uma critica, quiçá severa. Mas vamos começar justamente por valorizar a posição deste teólogo diante da questão da inefabilidade de Deus; Deus é inefável. Escutemos, para nos situarmos, S. Agostinho:



“Deus é inefável; é mais fácil dizer aquilo que Ele não é do que aquilo que É. Pensa na terra: não é Deus. Pensa no mar: não é Deus. Tudo o que existe na Terra, homens e animais, não é Deus. Nada do que brilha no céu (…) é Deus. O próprio céu não é Deus. (…) O que é, então? Aquele a quem os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, nem se instalou no coração do homem. (…) Antes de conhecer Deus, achavas que eras capaz de expressá-lo; mas agora que começaste a conhecê-lo, percebes que não és capaz” (S. Agostinho, Enarr. In ps. 85,12; 99,6).
Também muito profundo é Nicolau Cusano:


“Deus não pode ser conhecido, nem hoje nem nunca, pois qualquer criatura em relação a Ele é sombra que jamais poderá alcançar a infinitude da luz divina, que só Deus mesmo conhece. De tudo isso conclui-se que em teologia são mais válidas as negações do que as afirmações” (N. Cusano, De docta ignorantia I, 26).
Diz-nos S. Tomás o seguinte:


“Os vocábulos significam Deus à base do conhecimento que dele tem o nosso intelecto. Ora, se o nosso intelecto conhece Deus através da criaturas, conhecê-lo-á na medida em que as criaturas o representem. Por outro lado, Deus contém previamente em Si mesmo todas as perfeições das criaturas, porque absolutamente e universalmente perfeito. Assim, todas as criaturas o representam e se assemelham a Ele na medida que possuem alguma perfeição; mas não o representam como algo da mesma espécie ou do mesmo género, e sim como um principio transcendente, de cuja forma os efeitos estão bem distantes, mas com o qual têm certa semelhança” (S. Tomás, Suma teológica, I, 13, 2).
Ora, Barth diz-nos que o valor da linguagem religiosa só pode ser determinado pelo critério não ciêntífico da analogia da fé (analogia fidei), que é apenas um dom de Deus. Para ele, como já vimos, a analogia entis, o caminho da teologia natural, fruto da razão especulativa, é obra do diabo. Ele sustenta, assim, que não possuimos nenhuma analogia que nos possa dar acesso à natureza e ao ser de Deus, a não ser pela Revelação de Deus, pela Palavra de Deus.

Comecemos por observar que parece que Barth não apreciou devidamente o texto de Rm 1,20, que diz assim. “Sua realidade invisivel, seu eterno poder e sua divindade, tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das criaturas”. Paulo é claro: Deus, pelas criaturas, é inteligivel. E não se trata aqui do povo judeu, pois o texto refere-se sobretudo aos pagãos (Rm 1,21-32). Para Paulo, justamente através das criaturas, Deus pode ser conhecido, inteligido, afirmado. Pois bem, está na hora de pensarmos no ato de inteligir! Não há nada que seja inteligido que, sob um ou outro tipo de linguagem (há variados tipos de linguagem), não seja por esta expresso. O que não pode ser expresso na linguagem, é ininteligivel, impensável. Este é um primeiro aspecto que eu queria comentar.

A seguir, vale a pena refletir sobre o que Barth entenderá por Revelação. Será que a Revelação de Deus se processa unicamente no modo que Barth entende, ou seja, a Revelação sobrenatural, sendo esta a única determinação de toda e qualquer linguagem teológica? No texto que acabámos de ver, imediatamente antes, Paulo diz o seguinte: “O que se pode conhecer de Deus é manifesto entre eles, porque Deus lho revelou” (Rm 1,19). Em seguida, como vimos, diz que “Sua realidade invisivel, seu eterno poder e sua divindade, tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das criaturas”. Então parece que, afinal, qualquer coisa que se diga sobre Deus, é sempre fruto da Revelação. Então, Barth tem razão? Não! Paulo diz que Deus revelou, e diz “como” revelou: pelas criaturas. Se assim é, então Barth não reparou que o conhecimento de Deus pode acontecer mediante dois tipos de revelação: uma sobrenatural, outra natural.

Ora, a revelação natural, ou teologia natural, ou teodiceia, é justamente, em moldes bem simples, o que temos vindo a refletir: chegar a Deus pelas criaturas, sem a Revelação sobrenatural. Ora, daqui sucede que Barth tem uma noção pobre de Revelação. Ele cinge a revelação ao seu carácter sobrenatural, esquecendo a revelação dada por meio das criaturas, conforme o que Paulo nos diz.

Mas há mais a comentar. Como é que Barth escusa a revelação dada pelas criaturas? Se ele admite que as criaturas são causadas, feitas existir, pela ação criadora de Deus, ao negar a revelação natural, nega, concomitantemente, qualquer relação entre a Criador e criado. Afirma, deste modo, que, afinal, as perfeições das criaturas nada têm a ver com Deus!!! De facto, já vimos, a causa comunica algo de si ao efeito, de modo necessário. Se as criaturas possuem alguma relação com Deus, e têm de possuir, necessáriamente, dado o seu carácter de entes contingentes, a inteligência do ser humano sobre as criaturas pode vislumbrar, ainda que de modo muito ténue, algo de Deus. Para Barth se salvar desta encrenca, ele tem que negar ao ser humano a capacidade de conhecer as perfeições das coisas, da criação.

Mas, se fizer isso, nega o ser humano no que este tem de essêncial: ser inteligente, que intelige a realidade, que se coloca como sujeito diante do objecto criação. Mas Barth nunca poderá dizer isso, pois se a pessoa não inteligisse sobre a criação, seria colocada ao mesmo plano dessa criação. Seria objeto entre objetos, não se poderia distinguir das próprias coisas. Mas não: a pessoa intelige sobre os objectos, deles se distinguindo e SOBRE eles intelige. Por isso, a criação é colocada, posta diante do sujeito, objetivada pelo sujeito pensante.

Reparemos que a Escritura celebra a grandeza e o poder de Deus na criação (Job 36,22-26; Sl 19,2; Is 40,12-14; Eclo 43,1 ss; etc ). No deuterocanónico Sabedoria, cujo texto nós já vimos, é celebrada a sua beleza que, por analogia, nos fazem contemplar o seu autor, Deus (Sab 13,5).
Ora, a criação não passou a ser testemunha da grandeza e da beleza de Deus somente depois que a Revelação bíblica o afirma. Elas sempre foram testemunha desse poder e dessa beleza. E o homem sempre foi sujeito capaz de se admirar, de perguntar porquê,e sobretudo de perguntar o mais radical porquê: porque existe o existir. Ora, para o nosso teólogo, nada disto importa.

Para além disto, a posição de Barth acaba adjetivando como sem qualquer valor a experiência religiosa de toda a humanidade. Desde que o homem existe, que existe nele a religiosidade, sob as suas multiplas formas. Ora, este teólogo acaba por obrigar a concluir que, afinal, a religiosidade não é próprio nem natural na pessoa humana, sendo, pois, algo de exterior a ela, acrescentado. Como não podemos deixar de encarar esta visão de Barth como uma violentação da própria condição humana, na medida em que, segundo a sua tese nos conduz, a religião nada tem a ver com o homem, sendo algo que lhe é acrescentado de fora para dentro, ao invés de, como é evidente, ser algo que é intrinseco ao próprio homem?

Mas esta postura de Barth merece mais critica. Não está Barth, mediante esta postura fideista, a relegar o acto de crer para o ambito da pura crendice, incapaz de dar razões sólidas de si mesmo?
Atrevo-me a adiantar um tema que irei abordar daqui a uns tempos: como poderá Barth, nesta postura, justificar o próprio acontecer da revelação? Como poderá Barth, em última instância, justificar o próprio canon bíblico, a Biblia? É assim, apenas porque é? E porque é assim, e não de outro modo? Que nos dirá Barth? Dirá o mesmo que a turma sectária evangélica: nada; ou fogem da questão. ´

No entanto, este teólogo é obrigado a assumir que se fala uma libguagem sobre Deus: a linguagem da Revelação sobrenatural, bíblica. Que valor dará Barth a este tipo de linguagem? Diz ele que a analogia é posta, colocada, por Deus, mediante a Revelação (sobrenatural), e não pré-encontrada pelo homem. Mas já vimos que, bem vista a questão, quer a teologia filosófica, quer a revelação sobrenatural, se fundam na dádiva da criação, dom de Deus. Acabamos, assim, ao contrário do que diz Barth, por nos colocar na posição de beneficiados pelo dom da criação, obra de Deus. Ora, este teólogo diz que todos os termos usádos para se poder falar de Deus, se resumem apenas aos termos encontrados na revelação bíblica, queridos e oferecidos por Deus na Bíblia. É evidente que Barth usa de uma hermenêutica bíblica fundada sobre a literacia bíblica, que dá um valor absoluto à letra, desconsiderando que a Bíblia é fruto de uma experiência humana, social, histórica e culturalmente situada.

Ele faz, afinal, da letra bíblica o próprio Deus. Este tipo de abordagem bíblica, como facilmente se percebe, acaba dispensando qualquer esforço de interpretação, conduzindo à aburda e não bíblica afirmação de que a Escritura seja evidênte por si mesma, mediante a interpretação particular feita pelo crente, através da inspiração do Espírito (isto será tema de conversa bem mais para a frente).

Ora, Barth diz que a única linguagem para se falar de Deus, pela Revelação, é o “paradoxo”. A linguagem paradoxal, em Barth, traduz as teses e antíteses do próprio falar, expressão de uma leitura contrária, conflitual, da realidade, de ter estas caracteristicas” mas, por outro lado, “não ter estas caracteristicas. Contrários, opostos, teses e antíteses, que dada a distância entre Deus e a criatura, só em Deus a verdade desses opostos está unida. Esta posição de Barth é idêntica ao conceito católico de “mistério”, que traduz, justamente, que tal é a grandeza a excelência, a infinitude de Deus, que o nosso conhecimento jamais o poderá abarcar e esgotar. Porém, reparemos, que no Mistério não há contradição lógica, nem pode haver. E não pode porque Deus criou o mundo e o homem, e revelou-se ao homem em linguagem humana, tendo-Se tronado comunicável, captável pela linguagem humana.

Ora, Barth acertou numa parte da questão, mas acabou por não resolver as contradições inerentes ao seu discurso.

Uma questão persistente
No fundo, permanece a questão: é necessário falar de Deus. O homem não se pode furtar a isso, pois pode saber, pode inteligir que Ele existe. O homem fala a Deus, fala com Deus e fala de Deus. Mas é verdade, e nisso Barth tem razão, que é impossivel adquirir uma linguagem que fale de modo exacto, em sentido unívoco, de modo perfeito e adequado, como fazemos com as outras ciências ditas “exatas”. Se assim é, não podemos falar própriamente de Deus; mas, o certo, é que falamos.


Como resolver esta questão, e, sobretudo, o perigo de entendermos mal até onde chega ou não chega o alcance da nossa linguagem? Será que essa linguagem não estará na pretensão de exprimir muito mais do que, na verdade, consegue?
Será Tomás de Aquino a nos dar a sua docência nesta questão, mas isso fica para a próxima.

por Rui Miguel Silva

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